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Shampoo de bebê e lágrimas.

Precisava comprar alguma coisas para a Luna e aquela deveria ser minha oitava visita à farmácia na mesma semana. Acho que eram lenços úmidos: esses que são roubados diariamente por gnomos entediados que não sabem pegar o elevador de volta para o jardim. Passeando pelas gôndolas, lembrei que o shampoo da minha filha também estava no final.

Uma profusão de marcas disputava lugar na pequena prateleira. Shampuzicos de todas as cores e aromas e marcas e formatos. Fiquei meio perdida. Então meus olhos abraçaram uma coisinha. Era um potinho amarelo, num formato que saiu lá do meu coração. O shampoo de bebê da Johnson’s, esse mesmo que você está pensando. Fiquei olhando para ele como quem reencontra um amigo da escola. A diferença é que eu estava beirando os trinta e ele tinha a mesma carinha.

Não resisti: abri a embalagem e fui jogada num passado lá longe. Lembrei da minha mãe me dando banho num banheiro que nem deve existir mais. Veio junto o amor infinito que eu sentia por ela, desse jeito que só criança sabe amar. Um abraço de toalha. Um pijama tamanho 2. E ao mesmo tempo que essas lembranças da perspectiva de filha me deixaram feliz, imaginar o amor da minha mãe – coisa que você só consegue depois que vira mãe – me emocionou.

Chorei rindo no meio da farmácia, nadando em emoções embaladas no cheirinho amarelo do Johnson’s baby shampoo. A embalagem me dizia “chega de lágrimas”, mas não tinha jeito. Fiquei nesse chorriso por um tempo, até chegar ao caixa com shampoo, condicionador e sabonete juntos ao peito. A moça me perguntou se estava tudo bem e eu pedi pra ela passar no débito. Não dava tempo de responder: eu PRECISAVA ir voando para casa para dar banho na Luna lá na minha infância.

 

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Valeu, Johnson’s :)


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