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Channel: verdevelma » mãe
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Família.

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Era comecinho de dezembro de um ano muito estranho, filha. Seus tios vieram nos visitar em Fortaleza com Calvin, quando ele tinha oito meses. Tia Melanie não falava português e você não falava inglês, mas de algum jeito vocês conversavam e contavam histórias. Vocês riam juntas e isso era a prova de que onde existe amor existe troca. Calvin era esse bebê redondo e banguela, risonho e ágil sobre 4 apoios. Foi nessa vinda que ele comeu papinha feita em casa pela primeira vez – eu fiz pra ele exatamente a mesma comidinha que eu fazia pra você: legumes sortidos cozidos sem sal, nem azeite. Depois passei tudo na peneira e guardei num potinho. Como deu certo, ensinei tio Teco e tia Mel.

Os dias que passamos juntos aqui foram muito felizes. Teve piscina, teve praia, teve passeio e, principalmente, uma porção de coisas lindas e momentos pequenos, mas cheios de cola desses que ficam na memória e não soltam nunca mais. Era eu na cozinha alimentando todo mundo com amor, era o papai com o Calvin no colo fazendo caras engraçadas e falando com aquela voz que ele faz quando fala com bebês da família, era você querendo contar todas as coisas do mundo para a tia Mel, para o tio Teco, para o Calvin. Era o Calvin tentando pegar o rabo do Catavento (coitado). Você também ficava no chão brincando com aquele bebê engatinhante e fofo. Você gargalhava, filha, e lá da cozinha eu ficava achando tudo aquilo tão singelo e bonito.

Também fica difícil esquecer do tanto que nos divertimos jogando cartas. Papai estava maluco comprando milhares de jogos diferentes porque ficou muito empolgado com a idéia de fazer algo realmente legal em família. Ele se encantava nesses momentos em que a gente se divertia juntos, os três, e não queria perder a oportunidade de estender isso pra família toda e pra quem mais viesse. Foram dias e noites de Sushi Go, Uno, Exploding Kittens, Resistance – lembra daquela partida em que nós duas éramos espiãs e eu revelei nossa identidade antes da hora pensando que já tínhamos ganhado? Eita, mamãe! Fiquei muito emocionada quando pedi pra você fazer um desenho do que mais tinha gostado na passagem deles por aqui e você fez isso: tia Mel, tio Teco com Calvin nos ombros e você jogando cartas:

Mas de todos os momentos lindos dessa semana, tem um que me tocou de um jeito diferente. Tínhamos acabado de fazer umas fotos com todo mundo na frente de casa (essa ali de cima é uma delas). Papai saiu pra trabalhar e ficamos eu, você, tio Teco e Calvin sentados na calçadinha. Tia Mel na rede. Estava quente como sempre, mas meio nublado. Ficamos conversando um pouquinho sobre várias coisinhas sem importância, olhando pra rua do condomínio. Assuntinhos leves, pequenices. Uma hora senti que estávamos vivendo algo que ficaria pre sempre guardado. Não sei por que, filha, mas senti um peteleco, uma voz cantando na minha orelha “isso aqui é especial”. E então você me abraçou. Me abraçou meio de ladinho e deu um beijo no meu ombro. Era verdade pra você também: que bom.


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