Sempre aprendi isso na escola. Aliás, das regras gramaticais da nossa língua portuguesa, essa é a mais fácil de se lembrar. Não tem erro: antes do p e do b, vem o m, lógico. Luna me ensinou que essa lei se aplica somente ao nosso idioma, porque aqui em casa a ordem não foi bem essa, não.
Primeiro veio o p. Acho que ela tinha uns 6 meses quando começou com o PAPAPAPAPAPAPA. Era tiro e queda: via o Fábio e começava o PAPAPAPAPAPA. Eu não fiquei com ciúmes. Pelo menos não no primeiro mês. A coisa foi esquentando quando, no mês seguinte, eu sugeria MAMAMAMA e ela respondia PAPAPAPAPAPAPAPAPAPA. Eu sorria e MAMAMAMA; ela gritava PAPAPAPAPAPAPAPAPAPA. Eu sei que é mais fácil para o bebê emitir o fonema do p primeiro, mas, caramba, isso implode a auto-estima de qualquer mãe.
Superei, sei lá. Até que ela aprendeu um novo som! MAMAMAMAMA? Não: BABABABABABA. Ah, legal. Ela já chamava o pai e a babá. A mãe, nada. Nesse ponto o coração da mãe aperta e a lógica se esvai em um segundo: preciso parar de trabalhar, preciso passar mais tempo com minha filha, preciso que minha filha me reconheça, preciso fazer ela falar o maldito MAMAMAMA! E nada.
Relevei outra vez. E vieram novos sons como o TATATATATA, o DADADADADA e até um – pasmem – JOSÉ. Minha filha disse JOSÉ enquanto assistíamos ao Tangled dublado em português e a Rapunzel ficava gritando, José isso, José aquilo. Batata: lá estava a Luna falando tudo – até José – menos Mamãe. Suspiros, suspiros, suspiros.
Um dia estava no trabalho e recebi um vídeo do Fábio. Sabe o que tinha lá? MAMAMAMAMAMAMAMAMAMA MAMAMAMA MAMAMAMAMAMA MAMAMAMAMAMAMA!!!! Demorou, mas falou, gente. Lágrima pra cá, alegria pra lá, fiquei toda toda. Ouvir sua obra-prima chamar você tem um efeito inebriante. Eis que agora sou MAMAM e adoro. Tudo bem que o m veio depois de todo mundo, Luna, eu te perdôo. Só não esquece de chamar o PAPAPAPAPA e a BABABABABA também, senão a MAMAM não dá conta, viu?